UM TAPINHA DÓI OU NÃO DÓI?
Ao
refletir sobre os argumentos favoráveis sobre a "Lei Menino Bernardo"
ou popularmente conhecida por "Lei da Palmada", que pretende educar
as pessoas para que resolvam seus problemas através do diálogo e da compreensão
mútuas, e não por meio de agressões físicas e/ou humilhações, cheguei à
conclusão que diante dos valores,
atualmente invertidos, onde filhos debocham e não respeitam pais, a grande
chance desse tipo de juventude usar argumentos nefastos contra seus genitores,
poderá ser estimulada.
Eu não sou a favor de nenhum tipo de violência.
Longe de mim. Mas, vejo como uma lei muito redundante. Agressão e espancamento
já são crimes de atentado ao pudor, matar, então, nem se fala. O que há de novo
nisso?
O governo parece que nem tirou as fraldas,
então por que transferir para si esta responsabilidade? Os pais terão que
recuar e abaixar a mão quando, por um momento de infantilidade, seus filhos
esperniarem publicamente em uma loja, em um supermercado ou em uma fila de
banco?
"Nossa, tenho que me conter, pois tem
alguém me olhando. O que faço agora se esta criança resolveu sapatiar e não
pára nem por Santa Maria?"
A Super Nani diria: "Abaixe-se e fale com
ela de igual para igual".
Sabemos que isso na prática pode, sim, se
tornar uma missão impossível se as crianças ou adolescentes souberem dos seus
direitos e que é um crime apanhar.
Será que a infantilidade está também nos pais
que preferem que o governo ensine como educar já que possuem medo da responsabilidade?
Seriam estes pais, discípulos de Jean-Jacques Rousseau, filósofo que abandonou
seus cinco filhos no orfanato e anos depois escreveu o livro Emílio, o Da
Educação, que ensina como se deve educar as crianças?
Dar palmadas não é o melhor caminho. Realmente
a conversa, a aproximação, a atenção e o verdadeiro esclarecimento de que os
valores não devem ser invertidos são primordiais para uma convivência de amor e
respeito em família.
Mas, e se acontecer? Se eu ou você, que somos
mães-leoas, que amamos, que educamos, por um momento de esquecimento da lei, darmos
um tapa diante de um surto mimado dos nossos filhos? Vamos presas? Pagaremos
multas? Prestaremos serviços em instituições de crianças e adolescentes?
Casos como da Isabela Nardoni e do Bernardo
Boldrini são assassinatos e, portanto, são crimes perante a lei. É justo! Mas,
e o tapa? Seremos pais recuados e com medo dos olhos da sociedade? Entregaremos
os pontos aos nossos filhos? É certo lembrar que tirar o tablet, a Barbie, o videogame
e a TV por um mês não educa ninguém definitivamente.
Não dou tapas em meu filho. Também não sei qual
poderá ser a minha reação em determinado fato que ele fizer e eu não aprovar. E
é justamente por esta razão que eu não quero viver sem liberdade individual.
Confesso, eu apanhei quando criança. E pelo que
lembro fiz realmente algo errado. Mas, não foi por isso que fui contra meus
pais. Não foi por isso que me tornei rebelde. E olha que ainda vi minha mãe
chorar escondida pelo tapa que me deu nas nádegas. Eu não me senti feliz por
vê-la sofrer e chorar. Eu a compreendi. Sabe por quê? Ela não me deixou ter
ressentimento. Ela soube conduzir a situação e não precisou chamar nenhuma
Super Nani ou o governo para me educarem. Não gostaria de imaginar se minha mãe
fosse punida por este ato. Ela teve liberdade de fazê-lo e nem por isso deixou
de me encaminhar na vida.
Se um tapa dói?
Hummm, depende...
"...diante dos valores, atualmente invertidos,..." me remete a mais uma lei que pode ser corrompida, molinho, molinho.
ResponderExcluirJá levei e dei palmadas sem dramas, crimes ou consequências drásticas/nocivas. No entanto, tem sim, um porém: palmadas devem ser educativas e não atos raivosos de pais agressivos e violentos. Belíssima reflexão, amiga Li (ROLI...).