terça-feira, 27 de maio de 2014

UM TAPINHA DÓI OU NÃO DÓI?

 

Ao refletir sobre os argumentos favoráveis sobre a "Lei Menino Bernardo" ou popularmente conhecida por "Lei da Palmada", que pretende educar as pessoas para que resolvam seus problemas através do diálogo e da compreensão mútuas, e não por meio de agressões físicas e/ou humilhações, cheguei à conclusão que diante dos valores, atualmente invertidos, onde filhos debocham e não respeitam pais, a grande chance desse tipo de juventude usar argumentos nefastos contra seus genitores, poderá ser estimulada.
Eu não sou a favor de nenhum tipo de violência. Longe de mim. Mas, vejo como uma lei muito redundante. Agressão e espancamento já são crimes de atentado ao pudor, matar, então, nem se fala. O que há de novo nisso?
O governo parece que nem tirou as fraldas, então por que transferir para si esta responsabilidade? Os pais terão que recuar e abaixar a mão quando, por um momento de infantilidade, seus filhos esperniarem publicamente em uma loja, em um supermercado ou em uma fila de banco?
"Nossa, tenho que me conter, pois tem alguém me olhando. O que faço agora se esta criança resolveu sapatiar e não pára nem por Santa Maria?"
A Super Nani diria: "Abaixe-se e fale com ela de igual para igual".
Sabemos que isso na prática pode, sim, se tornar uma missão impossível se as crianças ou adolescentes souberem dos seus direitos e que é um crime apanhar.
Será que a infantilidade está também nos pais que preferem que o governo ensine como educar já que possuem medo da responsabilidade? Seriam estes pais, discípulos de Jean-Jacques Rousseau, filósofo que abandonou seus cinco filhos no orfanato e anos depois escreveu o livro Emílio, o Da Educação, que ensina como se deve educar as crianças?
Dar palmadas não é o melhor caminho. Realmente a conversa, a aproximação, a atenção e o verdadeiro esclarecimento de que os valores não devem ser invertidos são primordiais para uma convivência de amor e respeito em família.
Mas, e se acontecer? Se eu ou você, que somos mães-leoas, que amamos, que educamos, por um momento de esquecimento da lei, darmos um tapa diante de um surto mimado dos nossos filhos? Vamos presas? Pagaremos multas? Prestaremos serviços em instituições de crianças e adolescentes?
Casos como da Isabela Nardoni e do Bernardo Boldrini são assassinatos e, portanto, são crimes perante a lei. É justo! Mas, e o tapa? Seremos pais recuados e com medo dos olhos da sociedade? Entregaremos os pontos aos nossos filhos? É certo lembrar que tirar o tablet, a Barbie, o videogame e a TV por um mês não educa ninguém definitivamente.
Não dou tapas em meu filho. Também não sei qual poderá ser a minha reação em determinado fato que ele fizer e eu não aprovar. E é justamente por esta razão que eu não quero viver sem liberdade individual.
Confesso, eu apanhei quando criança. E pelo que lembro fiz realmente algo errado. Mas, não foi por isso que fui contra meus pais. Não foi por isso que me tornei rebelde. E olha que ainda vi minha mãe chorar escondida pelo tapa que me deu nas nádegas. Eu não me senti feliz por vê-la sofrer e chorar. Eu a compreendi. Sabe por quê? Ela não me deixou ter ressentimento. Ela soube conduzir a situação e não precisou chamar nenhuma Super Nani ou o governo para me educarem. Não gostaria de imaginar se minha mãe fosse punida por este ato. Ela teve liberdade de fazê-lo e nem por isso deixou de me encaminhar na vida.
Se um tapa dói?
Hummm, depende...
 




Um comentário:

  1. "...diante dos valores, atualmente invertidos,..." me remete a mais uma lei que pode ser corrompida, molinho, molinho.
    Já levei e dei palmadas sem dramas, crimes ou consequências drásticas/nocivas. No entanto, tem sim, um porém: palmadas devem ser educativas e não atos raivosos de pais agressivos e violentos. Belíssima reflexão, amiga Li (ROLI...).

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